A mãe do homem

Acaba de sair aqui em Nova York um livraço, desse que fazem a gente querer mudar o mundo. Sim, eu falo isso de vários livros, mas o que fazer? Este me lembrou o que sentir depois de “Olga”, de Fernando Morais, que acabou se tornando um presente repetido para diversos amigos (para o amigo que o ganhou de mim e está descobrindo agora que vários outros ganharam, saiba que você foi o mais especial deles).

Pois bem, “A Singular Woman” conta a história de Stanley Ann Durham, uma americana branca, nascida no Kansas, que passou boa parte da vida na Indonésia. Seria uma vida anônima, não fosse ela mãe do piratinha da foto ao lado. Reconheceu? É Barack Obama.

Retratada na campanha presidencial ora como uma branquela do interior, ora como uma mãe omissa, ela passava longe desses esteriótipos. Teve um filho negro numa época em que mais da metade dos estados americanos proibia por lei o casamento interracial. Casou-se com um indonésio e se mudou para o país dele. Aprendeu a língua local e se apaixonou pelos costumes de tal forma que, mesmo separada, continuou vivendo lá, colhendo dados para sua tese de doutorado em antropologia. Foi organizadora comunitária (como o filho), mudou a vida de muita gente (como o filho) e correu atrás da própria sorte.

Vale muito a pena.

Com o pé direito

Não é todo dia que um jornalista consegue um furo. “Furo”, para quem não é jornalista, é a palavra mais ouvida entre os que sonham em abafar na profissão. Quando você consegue um, pode saber que o chefe vai te elogiar, vem aumento por aí, você vai virar uma estrela. Ou não, né?

Pois hoje, no meu primeiríssimo post deste blog, já tenho um furo! E dos bons! Fui a um evento da Women’s Refugee Comission, uma organização com um trabalho brilhante, inspirados, que tenho acompanhado com atenção. E entre os convidados estava ninguém menos que Ban Ki-moon, secretário-geral da ONU. Ele fez um discurso bonito, falou da infância, quando ele mesmo foi um refugiado. Ele tinha seis anos e a Coréia enfrentava uma guerra brutal. A comida da família vinha da ajuda humanitária da ONU.

O Embaixador da Noruega na ONU foi quem deu o “furo” (tanto no sentido jornalístico, quanto no popular, já que ele ainda não podia divulgar a informação). Declarou que Ki-moon será eleito amanhã, por aclamação, para mais um mandato de cinco anos. O público aplaudiu e eu corri para cá para dividi a novidade. Boa sorte para ele!